SÃO LUÍS – No ano passado, as exportações de couro do Maranhão apresentaram um crescimento de 244%, o maior entre os estados que exportaram no Brasil em 2023. Os dados são do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (Brasil), que junto com a ApexBrasil, Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA) e Governo do Estado do Maranhão realizaram, nesta terça-feira, 2, a primeira Rodada Internacional de Negócios entre empresários de couro e peles do Maranhão, e de outros estados brasileiros, e representantes de cinco países, visando impulsionar o setor brasileiro de couro e curtumes.
A Rodada Internacional de Negócios atraiu para São Luís empresários da África do Sul, Estados Unidos, Equador, China e Colômbia. Os compradores internacionais demonstraram interesse em fazer negócios com o segmento brasileiro de couro e peles. São executivos de empresas que mantêm negócios com vários de países e que estão interessados em estabelecer vínculos comerciais com o Maranhão.
“Nosso objetivo é dar oportunidade para empresas do setor de couros e curtumes de se encontrarem e fazerem negócios com potenciais compradores internacionais de cinco países que nós trouxemos para o Maranhão para que possam conhecer os produtos do segmento do país e potencialmente levá-los para o mundo”, disse Sérgio Ferreira, representante da ApexBrasil na Região Nordeste.
COURO MARANHENSE - "Nós trabalhamos com couro acabado para calçados, segurança e estofamento. Nossa empresa é familiar e começou com o nosso pai, que trabalhou há mais de 50 anos nesse ramo. Temos o desejo de exportar e sempre estamos nos capacitando e participando de projetos que possam nos possibilitar realizar esse sonho. Acreditamos que esse programa vai contribuir para movimentar o nosso setor que tem muito potencial para se desenvolver e ultrapassar muitas fronteiras”, declarou Urçula Herênio, diretora financeira e Administrativa da MH Couros, de Imperatriz.
O empresário Márcio Caliman, da Curtidora Ribeirãozinho, instalada há 25 anos no município de Governador Edison Lobão, no Maranhão, participou da rodada e pretende acessar novos mercados a partir do contato com os compradores internacionais. “Voltamos a exportar bastante agora, o couro Wet Blue, no começo do ano, para a China e alguma coisa para a Itália. Mas nos couros acabados, a nossa exportação ainda é menor. Trouxemos algumas coisas interessantes para mostrar hoje, e com certeza, vamos surpreender com nossos produtos”.
Um dos países presentes na Rodada foi a África do Sul, representada pelo empresário Craig Van Heerden, da empresa Hideskin. “Sou proprietário de um curtume no meu país. No entanto a questão da eficiência ainda é algo que precisamos melhorar. Ano passado vim até o Brasil com a intenção de pesquisar sobre a qualidade daqui. Fiquei impressionado com o trabalho realizado no país nesse setor e comecei a importar de quatro empresas da região Sul. Hoje estou aqui com o objetivo de expandir minhas opções de importação e verificar as oportunidades”, afirmou o executivo.
Camila Belo, coordenadora do Centro Internacional de Negócios da FIEMA, explicou que o CIN e a ApexBrasil trabalham juntos para impulsionar as exportações dos produtos maranhenses. “A ApexBrasil procurou o Centro Internacional de Negócios da FIEMA para que pudesse sediar a 15ª edição do Exporta Mais Brasil. Começamos a programação com o Diálogo Exporta Mais Brasil, que foi o lançamento do PEIEX (Programa de Qualificação para Empresas), que já está sendo executado no estado. Hoje, estamos realizando um seminário com a CICB, onde o seu setor de inteligência de mercado apresentou um panorama do couro no Brasil, culminando com a rodada de negócios, com compradores internacionais”.
INDÚSTRIA DE COURO - Além da rodada internacional, a FIEMA sediou o Seminário “Indústria do couro: mercados, moda e tendências para a exportação”, que fez parte da edição sobre couros e curtumes do Programa Exporta Mais Brasil, da ApexBrasil. A iniciativa conta com o apoio do projeto Brazilian Leather, desenvolvido pelo CICB em parceria com a ApexBrasil.
Representando o presidente da Federação, Edilson Baldez, Ana Rute Nunes, presidente do Sindicato das Indústrias de Malharia e de Confecções de Roupas em geral do Maranhão (Sindvest) e diretora da FIEMA, deu início ao seminário. O evento foi uma oportunidade para troca de conhecimento, apresentação de oportunidades e estabelecimento de relacionamentos para futuros negócios.
Rogério Cunha, da Inteligência Comercial do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), compartilhou dados, números e um panorama sobre a indústria de couros e seus canais de vendas. “O maior crescimento entre os estados brasileiros no ano passado foram as exportações do Maranhão. Triplicamos o valor e quadruplicamos as exportações em termos de volume saindo aqui do estado. O Maranhão exporta para destinos importantes também, como China, como Chile, Estados Unidos, o que mostra o potencial do estado”, revelou Rogério Cunha, da CICB.
Paralelamente, o designer e especialista em processo criativo, Marnei Carminatti, apresentou as vertentes do setor no Preview do Couro 2025, destacando as tendências e a moda para o desenvolvimento de novos couros. “O projeto está concentrado aqui em São Luís, nessa primeira etapa, junto com esse trabalho da Apex. Mas a ideia é que a gente consiga atuar em diferentes cadeias e encontrar também quais são as cadeias mais incríveis para produzir esse universo, não só do couro, mas também toda essa lógica de construção, de moda, de produto, de indústria, de manufatura no geral. Porque o Maranhão tem uma capacidade artesanal muito incrível e a gente quer, de alguma forma, aproveitar muito isso”.
O seminário também contou ainda com a contribuição de Maria Paula Veloso, gerente de Indústria e Serviços da ApexBrasil, e Viviane Iark, gestora do projeto setorial Brazilian Leather na ApexBrasil. Durante o evento, os participantes exploraram o showroom, onde tiveram contato com os materiais de couro acabados alinhados às últimas tendências em design, além de se conscientizarem sobre a importância da produção sustentável.